PARTE 2

PARTE 2

TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS
􀂾 São críticas porque postulam não ser possível compreender a educação senão a partir dos seus condicionantes sociais.
􀂾 Não constituem pedagogias;
􀂾 Não apresentam uma proposta pedagógica: o caráter reprodutivista da escola impede que ela seja diferente, donde a
inviabilidade ou inutilidade de uma proposta pedagógica vinculada aos interesses da classe trabalhadora.
TEORIA
TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO
ENQUANTO VIOLÊNCIA
SIMBÓLICA (1970)
TEORIA DA ESCOLA ENQUANTO
APARELHO IDEOLÓGICO DE
ESTADO
(1969)
TEORIA DA ESCOLA DUALISTA
(1971)
TEÓRICOS P. Bourdieu e J.C. Passeron
L. Althusser
C. Baudelot e R. Establet
OBRA DE
REFERÊNCIA
“A Reprodução: Elementos para
uma teoria do sistema de ensino”
(1975)
“Ideologia e Aparelhos Ideológicos
do Estado” (s/d)
“A escola capitalista na França”
(1971)
INFLUÊNCIA NO
BRASIL
􀂾 Especialmente durante a década de 70;
􀂾 Saviani utiliza estes estudos como referência teórica para fazer a análise crítica da história das tendências
da educação brasileira.
CONCEPÇÃO DE
SOCIEDADE
􀂾 A sociedade é dividida em classes antagônicas que sob a forma de luta de classe opõe burguesia ao
proletariado.
Essa luta trava-se nas relações de produção, que são relações de exploração.
􀂾 Violência Simbólica: os
grupos e classes dominantes
controlam os significados
culturalmente legítimos e
socialmente mais valorizados.
Estes significados medeiam as
relações de poder entre grupos e
classes. O capital cultural é
distribuído desigualmente entre
grupos e classes. Como
resultado:
• Aqueles que têm mais capital
cultural são mais bemsucedidos
na escola;
• A escolarização é a base para
uma mobilidade social
limitada, que dá aparência de
realidade à meritocracia;
• Portanto, a educação é o
processo de reprodução das
diferenças culturais e sociais.
􀂾 Qualquer ação pedagógica é
uma violência simbólica.
􀂾 O Estado é composto por:
• Aparelhos Repressivos de
Estado (ARE) – polícia, tribunais,
prisões etc. – que funcionam
massivamente pela violência e
secundariamente pela ideologia
e
• Aparelhos Ideológicos de Estado
(AIE) – igreja, escola, mídia etc. –
que funcionam massivamente
pela ideologia e
secundariamente pela violência.
􀂾 A escola é o AIE dominante na
sociedade capitalista.
􀂾 A escola é dividida em duas
grandes redes:
• Rede PP (primário-profissional)
→ destinada aos trabalhadores e
• Rede SS (secundário-superior)
→ destinada à burguesia;
A escola é um aparelho ideológico da
burguesia e está a serviço de seus
interesses.
CONCEITOS CHAVES
􀂾 A contradição principal existe brutalmente fora da escola sob a forma de uma luta que opõe a burguesia ao
proletariado; ela se trava nas relações de produção, que são relações de exploração.
FUNÇÃO DA
EDUCAÇÃO NA
SOCIEDADE
CAPITALISTA
􀂾 É um instrumento de discriminação social, na medida em que reforça a dominação e legitima a
marginalização cultural e escolar;
􀂾 Cumpre papel fundamental no processo de reprodução do capitalismo.
FUNÇÃO DA
ESCOLA NA
SOCIEDADE
CAPITALISTA
􀂾 Sistema de Ensino
↓ ↓
Reprodução do Reprodução
das
próprio corpo relações
sociais
acadêmico de produção

Reprodução do
poder acadêmico

Reprodução do Próprio sistema
de ensino
􀂾 A escola realiza a (re)
produção do habitus, que é uma
formação durável, produto da
interiorização dos princípios do
arbitrário cultural capaz de
perpetuar-se após a cessação da
ação pedagógica e por isso se
perpetuar nas práticas os
princípios do arbitrário
interiorizado;
Escola = vetor de assimilação das
mensagens produzidas pela
indústria cultural.
􀂾 O sistema das diferentes escolas
públicas e particulares constitui o
instrumento mais acabado de
reprodução das relações de
produção do tipo capitalista:
Escola
↓ ↓
Reprodução Inculcação
da força de Ideológica
trabalho
􀂾 A escola, em que pese a
aparência unitária e unificadora, é
uma escola dividida em duas
grandes redes (PP e SS), as quais
correspondem à divisão da
sociedade capitalista em duas
classes fundamentais:
Escola
↓ ↓
Formação Inculcação da
de força de Ideologia
trabalho burguesa
↓ ↓
Qualificação Inculcação
do trabalho explícita da
intelectual ideologia
X burguesa
Desqualificação e
do trabalho recalcamento,
manual sujeição e
disfarce da
ideologia
proletária
CONTRIBUIÇÕES
􀂾 Explicita os mecanismos de funcionamento da escola capitalista e como esta se constitui;
􀂾 Põe em evidência o comprometimento da educação com os interesses da classe dominante;
􀂾 Considera a luta de classes, porém esta fica diluída, tal o peso da dominação burguesa;
􀂾 Defende que quanto mais os professores ignoram que estão reproduzindo a sociedade capitalista, tanto
mais eficazmente a reproduzem;
􀂾 Afirma que todos os esforços realizados na/pela escola na luta pela transformação da sociedade revertem
sempre no reforçamento dos interesses da classe dominante. Desta forma, a possibilidade de a escola ser um
instrumento de luta proletária é descartada.
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PEDAGOGIA
PROGRESSISTA
􀂾 A escola é condicionada pelos aspectos sociais, políticos e culturais, mas contraditoriamente existe nela um
espaço que aponta a possibilidade de transformação social;
􀂾 A educação possibilita a compreensão da realidade histórico-social e explicita o papel do sujeito
construtor/transformador dessa mesma realidade.
TEORIA
CRÍTICA
􀂾 Sustenta a finalidade sócio-política da educação;
􀂾 Instrumento de luta de professores ao lado de outras práticas sociais.
TENDÊNCIA LIBERTÁRIA LIBERTADORA HISTÓRICO-CRÍTICA
MANIFESTAÇÕE
S DE PRÁTICA
PEDAGÓGICA
ESCOLAR NO
BRASIL
􀂾 Antiautoritarismo e
auto-gestão são os
princípios fundamentais da
proposta pedagógica
anarquista (que abrange
várias correntes: libertários,
psicanalistas e sociólogos).
􀂾 Primeira experiência:
Movimento de Cultura Popular no
Recife (1964);
􀂾 Projeto de Educação de
Adultos:
- Círculo de Cultura;
- Centro de Cultura.
􀂾 Marco teórico 1979;
􀂾 A prática pedagógica propõe uma
interação entre conteúdo e realidade
concreta, visando a transformação da
sociedade (ação-compreensão-ação);
􀂾 Enfoque no conteúdo como produção
histórico-social de todos os homens;
􀂾 Superação das visões não-críticas e
crítico-reprodutivistas da educação.
PRESSUPOSTOS
TEÓRICOS
􀂾 Questionamento da
ordem social existente;
􀂾 Preocupação com a
educação política dos
indivíduos e com o
desenvolvimento de pessoas
mais livres;
􀂾 Profunda ligação entre
educação e os planos de
mudança social;
􀂾 O ensino deve
desenvolver todas as
possibilidades da criança
(integralidade), sem
abandonar nenhum aspecto
mental ou físico, intelectual
ou afetivo;
􀂾 Defesa da auto-gestão;
􀂾 Rejeitam toda forma de
governo.
􀂾 Teoria do conhecimento
aplicada à educação, que é
sustentada por uma concepção
dialética em que educador e
educando aprendem juntos numa
relação dinâmica na qual a
prática, orientada pela teoria,
reorienta essa teoria, num
processo de constante
aperfeiçoamento;
􀂾 A educação é sempre um ato
político;
􀂾 Educação problematizadora,
conscientizadora;
􀂾 O fundamental na educação
é que os educandos se
reconheçam enquanto sujeitos
histórico-sociais, capazes de
transformar a realidade;
􀂾 A categoria pedagógica da
conscientização preocupa-se com
a formação da autonomia
intelectual do sujeito para intervir
na realidade;
􀂾 Crítica à “educação
bancária”.
􀂾 Defende a escola como socializadora dos
conhecimentos e saberes universais;
􀂾 A ação educativa pressupõe uma
articulação entre o ato político e o ato
pedagógico;
􀂾 Interação professor-aluno- conhecimento
e contexto histórico-social;
􀂾 A inter-subjetividade é mediada pela
competência do professor em situações
objetivas;
􀂾 A interação social é o elemento de
compreensão e intervenção na prática social
mediada pelo conteúdo;
􀂾 Concepção dialética da história
(movimento e transformação);
􀂾 Pressupõe a práxis educativa que se
revela numa prática fundamentada
teoricamente;
􀂾 A natureza e especificidade da educação
refere-se ao trabalho não-material, que na
escola pública não se subordina ao capital;
􀂾 A tarefa desta pedagogia em relação à
educação escolar implica:
a) Identificação das formas mais
desenvolvidas em que se expressa o saber
objetivo produzido historicamente,
reconhecendo as condições de sua produção
e compreendendo as suas principais
manifestações, bem como as tendências
atuais de transformação;
b) Conversão do saber objetivo em saber
escolar de modo a torná-lo assimilável pelos
alunos das camadas populares no espaço e
tempo escolares;
c) Provimento dos meios necessários para
que os alunos não apenas assimilem o saber
objetivo enquanto resultado, mas apreendam
o processo de sua produção, bem como as
tendências de sua transformação.
REPRESENTANTES
OU
TEÓRICOS
􀂾 Freinet (1896-1966) –
Educação pelo trabalho e
pedagogia do bom senso;
􀂾 Lobrat (discípulo de
Freinet) – Pedagogia
institucional e auto-gestão
pedagógica;
􀂾 Maurício Trautemberg –
auto-gestão institucional.
􀂾 Paulo Freire;
􀂾 Moacir Gadotti;
􀂾 Rubem Alves.
􀂾 Demerval Saviani, Jamil Cury, Gaudêncio
Frigotto, Luiz Carlos de Freitas, Acácia
Zeneida Kuenzer, José Carlos Libâneo
(Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos);
􀂾 Influências de autores internacionais
como: Marx, Gramsci, G. Snyders, M.
Manacorda, Makarenko, Suchodolski.
PSICOLOGIA
􀂾 Corrente sócio-histórica: Vigotski, Lúria,
Leontiev e Wallon.
FILOSOFIA
􀂾 Anarquismo – uma
corrente que defende que “o
caminho da liberdade é a
própria liberdade”.
􀂾 Paulo Freire faz uma síntese
de tendências como:
neotomismo, humanismo,
fenomenologia, o existencialismo
e o neomarxismo.
􀂾 Materialismo Histórico-dialético.
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TENDÊNCIA LIBERTÁRIA LIBERTADORA HISTÓRICO-CRÍTICA
PAPEL DA
ESCOLA
􀂾 Desenvolver mecanismos
de mudanças institucionais e
no aluno, com base na
participação grupal, onde
ocorre a prática de toda
aprendizagem;
􀂾 Exercer uma
transformação na
personalidade do aluno no
sentido libertário e
autogestionário;
􀂾 Resistência contra a
burocracia como instrumento
de ação dominadora e
controladora do estado.
􀂾 Formação da consciência
política do aluno para atuar e
transformar a realidade;
􀂾 Problematização da
realidade, das relações sociais
do homem com a natureza e com
os outros homens, visando a
transformação social.
􀂾 Valorização da escola como espaço
social responsável pela apropriação do
saber universal;
􀂾 Socialização do saber elaborado às
camadas populares, entendendo a
apropriação crítica e histórica do
conhecimento enquanto instrumento de
compreensão da realidade social e atuação
crítica e democrática para a transformação
desta realidade.
CONTEÚDOS DE
ENSINO
􀂾 Os conteúdos de ensino
são colocados à disposição
dos alunos, porém não são
exigidos;
􀂾 O conhecimento
considerado mais importante é
o que resulta das experiências
vividas no grupo;
􀂾 A apropriação dos
conteúdos somente tem
sentido quando convertidos em
prática;
􀂾 O conhecimento é a
descoberta de respostas às
necessidades e exigências da
vida social, não sendo
necessariamente os conteúdos
de ensino.
􀂾 Os conteúdos (denominados
temas geradores) são extraídos
da problematização da prática de
vida dos educandos, assim a
codificação de uma situaçãoproblema
revela a força
motivadora da aprendizagem.
Toma-se distância da situaçãoproblema
para analisá-la
criticamente. Essa análise
envolve o exercício da abstração,
através da qual se procura
alcançar, por meio de
representações da realidade
concreta, a razão de ser dos
fatos – decodificação.
􀂾 Conteúdos culturais universais
incorporados pela humanidade (clássicos),
permanentemente reavaliados face às
realidades sociais;
􀂾 Conteúdos indispensáveis à
compreensão da prática social: revelam a
realidade concreta de forma crítica e
explicitam as possibilidades de atuação dos
sujeitos no processo de transformação desta
realidade.
FUNÇÃO DA
AVALIAÇÃO
􀂾 Esta pedagogia não prevê
nenhum tipo de avaliação em
relação aos conteúdos;
􀂾 A avaliação ocorre nas
situações vividas,
experimentadas, portanto
incorporadas para serem
utilizadas em novas situações.
􀂾 Prática emancipadora;
􀂾 Desenvolvimento e
progresso do grupo a partir de
um programa definido
coletivamente com o grupo;
􀂾 Prática vivenciada entre
educador e educandos no
processo de grupo pela
compreensão e reflexão critica;
􀂾 Trabalhos escritos e autoavaliação
em termos do
compromisso assumido com o
grupo e com a prática social.
􀂾 Prática emancipadora;
􀂾 Função diagnóstica (permanente e
contínua) → meio de obter informações
necessárias sobre o desenvolvimento da
prática pedagógica para a
intervenção/reformulação desta prática e dos
processos de aprendizagem;
􀂾 Pressupõe tomada de decisão;
􀂾 O aluno toma conhecimento dos
resultados de sua aprendizagem e organizase
para as mudanças necessárias.
RELAÇÃO
PROFESSOR ALUNO
􀂾 Professor e alunos são
livres, um em relação ao outro
e desenvolvem uma relação
baseada na auto-gestão e no
anti-autoritarismo;
􀂾 O professor é um
orientador, catalisador que
realiza reflexões em comum
com os alunos. Cabe a ele:
- ajudar o grupo a desenvolverse
como tal, auxiliando no
desenvolvimento de um clima
grupal em que seja possível
aprender e superar os
obstáculos para aprender que
estão enraizados no indivíduo e
no grupo;
- ajudar o coletivo a descobrir e
utilizar os diferentes métodos
de pesquisa, ação, observação
e “feedback”;
- liberar as forças instituintes
do grupo, que funcionam como
analisadores das instituições.
􀂾 Educador e educandos são
sujeitos do ato do conhecimento;
􀂾 O professor é o coordenador
de debates, que estabelece uma
relação horizontal, adaptando-se
às características e necessidades
do grupo;
􀂾 O aluno é sujeito
participante do/no grupo;
􀂾 Matriz: amor, esperança,
humildade, fé, confiança,
criticidade;
􀂾 Relação pedagógica com
base na cultura do grupo.
􀂾 Relação interativa entre professor e
aluno, em que ambos são sujeitos ativos;
􀂾 Professor e aluno são seres concretos
(sócio-históricos), situados numa classe
social → síntese de múltiplas
determinações;
􀂾 Professor → autoridade competente,
direciona o processo pedagógico; interfere e
cria condições necessárias à apropriação do
conhecimento, enquanto especificidade da
relação pedagógica.
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TÉCNICAS DE
ENSINO
􀂾 Vivência grupal;
􀂾 Assembléia;
􀂾 Reuniões.
􀂾 Métodos e técnicas se
fazem e se refazem na práxis;
Grupos de discussões, debates,
entrevistas, tomada de
consciência para a
transformação: da ingenuidade à
criticidade.
􀂾 Discussão;
􀂾 Debates;
􀂾 Leituras;
􀂾 Aula expositivo-dialogada;
􀂾 Aulas expositivo-dialogadas;
􀂾 Trabalhos individuais e trabalhos em
grupo, com elaboração de sínteses
integradoras.
TENDÊNCIA LIBERTÁRIA LIBERTADORA HISTÓRICO-CRÍTICA
MÉTODO DE
ENSINO
􀂾 Método Indutivo:
- Faz o movimento do
composto ao simples, do geral
ao particular, do número à
unidade, da harmonia ao som,
da regra ao fato, do princípio à
aplicação;
- Vai do observado ao nãoobservado,
do conhecido ao
desconhecido;
- Método racional,
experimental, científico:
estimula a curiosidade,
favorece a atividade cerebral,
se afasta da credulidade,
coloca a razão e a memória no
seu devido lugar;
- O exercício da liberdade pelo
aluno tem que ser efetivo e real
desde o início, com caráter
progressivo, manifestando-se
plenamente nos últimos anos
escolares;
- Interesse em crescer dentro
da vivência grupal;
- Relevância da experiência, da
atividade prática que é
incorporada e utilizada em
situação nova;
- A participação grupal deve ser
obtida através de assembléias,
conselhos, eleições, reuniões,
associações, de tal forma que o
aluno leve para a escola e para
a vida cotidiana tudo que
aprendeu;
- A auto-gestão é o conteúdo e
o método, resume tanto o
objetivo pedagógico, quanto o
político;
- Escolhida uma matéria, o
aluno é estimulado à pesquisa
independente.
􀂾 Método Dialógico:
- Método ativo, dialogal, crítico e
criticizador;
- O método exige uma relação de
autêntico diálogo, em que os
sujeitos do ato de conhecer se
encontram mediatizados pelo
objeto a ser conhecido;
- O diálogo engaja ativamente os
sujeitos do ato de conhecer:
educador- educando e educandoeducador;
- Ao grupo de discussão cabe o
ato de auto-gerir a aprendizagem,
definindo o conteúdo e a
dinâmica das atividades;
- O professor deve se adaptar ao
nível do grupo para ajudar o
desenvolvimento próprio de cada
sujeito;
- A problematização da situação
permite aos educandos chegar a
uma compreensão mais crítica da
realidade, através de troca de
experiências em torno da prática
sócia;
- O método de ensino deve
possibilitar a vivência de
relações efetivas educandoeducador
e educador-educando,
já que as relações têm caráter
reflexivo, conseqüente,
transcendente e temporal;
- Dispensam-se programas
previamente estruturados, bem
como aulas expositivas, assim
como qualquer tipo de
verificação direta da
aprendizagem, formas essas
próprias da “educação bancária”,
portanto domesticadoras.
􀂾 Método da Prática Social;
- Decorre das relações estabelecidas entre
conteúdo – método e concepção de mundo;
- Confronta os saberes trazidos pelo aluno
com o saber elaborado, na perspectiva da
apropriação de uma concepção
científico/filosófica da realidade social,
mediada pelo professor;
- Incorpora a dialética como teoria de
compreensão da realidade e como método
de intervenção nesta realidade;
- Fundamenta-se no materialismo histórico:
ciência que estuda os modos de produção;
- A relação de indissociabilidade entre forma
e conteúdo pressupõe a socialização do
saber produzido pelos homens;
- Os fins a serem atingidos é que
determinam os métodos e processos de
ensino-aprendizagem;
- Busca coerência com os fundamentos da
Pedagogia, entendida como processo
através do qual o homem se humaniza (se
torna plenamente humano);
- A prática é fundamento do critério de
verdade e da finalidade da teoria;
- Incorpora o procedimento histórico como
determinante da totalidade social;
- É na mediação entre o pensamento e o
objeto (enquanto o pensamento busca
apropriar-se do objeto) que desenvolve-se o
método.
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TENDÊNCIA LIBERTÁRIA LIBERTADORA HISTÓRICO-CRÍTICA
PASSOS DO
MÉTODO
􀂾 Método Indutivo:
1. Oportunidade de contato,
abertura, relações informais
entre os alunos;
2. O grupo começa a organizarse
pela participação em
discussões, cooperativas,
assembléias;
3. O grupo se organiza de
forma mais efetiva na direção
de conquista de sua liberdade.
􀂾 Método Dialógico:
- O método deve instrumentalizar
os passos da aprendizagem:
1. Codificação: situação
problema (programação
compacta)
- Situação existencial
(codificadas) capazes de desafiar
o grupo;
- Intensifica o diálogo em torno
das situações codificadas com
“n” elementos e compõe nas
informações totais das situações
onde se instala um circuito de
decodificação;
2. Decodificação: com a ajuda do
professor, o grupo seleciona as
palavras geradoras a serem
decodificadas (desveladas);
3. Problematização da situação:
as contradições da realidade são
problematizadas, especialmente
aquelas que oprimem as
camadas populares.
- A dinâmica codificaçãodecodificação-
problematização
permite aos educandos um
esforço de compreensão do
“vivido” até chegar ao nível mais
crítico de conhecimento da sua
realidade, sempre através da
troca de experiências em torno
da prática social;
Assim, o método de alfabetização
implica:
1. Levantamento do universo
vocabular dos alunos do grupo
com quem se trabalha;
2. Escolha das palavras
geradoras;
3. Criação de situações
existenciais típicas do grupo que
será alfabetizado;
4. Criação de fichas-roteiro;
5. Elaboração de fichas com a
decomposição das famílias
fonéticas que são utilizadas para
a descoberta de novas palavras.
􀂾 Método da Prática Social:
1. Prática social (ponto de partida):
- Perceber e denotar: identificar o objeto e da
aprendizagem e lhe dar significação;
- O aluno tem uma visão sincrética
(mecânica, desorganizada, nebulosa, de
senso comum) a respeito do conteúdo;
- É comum a professores e alunos, já que
sentem e sabem a prática social em nível
sincrético, mas ambos encontram-se em
momentos diferentes (o professor domina o
conteúdo, enquanto o aluno não o domina),
por isto o professor realiza uma síntese
precária;
2. Problematização:
- Instruir e conotar;
- Momento para detectar as questões que
precisam ser resolvidas no âmbito da prática
social e, em conseqüência, que
conhecimentos são necessários a serem
dominados;
- Prever os futuros problemas e limites
(juízos de valor ou de qualidade), bem como
identificar os tipos de conhecimentos e
técnicas necessários à solução desses
problemas.
3. Instrumentalização:
- Apropriação pelas camadas populares das
ferramentas culturais necessárias à luta
social para superar a condição de
exploração em que vivem;
4. Catarse (categoria gramsciana):
- Raciocinar e criticar;
- Incorporação dos instrumentos culturais,
transformados em elementos ativos de
transformação social;
- Elaboração superior da estrutura em
superestrutura na consciência dos homens;
- Passagem da ação para a conscientização;
5. Prática social (ponto de chegada):
- Retorno à prática social, com o saber
concreto pensado para atuar e transformar
as relações de produção que impedem a
construção de uma sociedade igualitária;
- A compreensão sincrética dos alunos no
ponto de partida é agora elevada ao nível
sintético;
- Visão sintética (elaborada, sistematizada,
explícita, orgânica, compreendida);
- Reduz-se a precaridade da síntese do
professor (fragmentação) no ponto de
partida, para uma compreensão mais
orgânica no ponto de chegada → visão de
totalidade;
- O consenso é o ponto de chegada;
- A educação põe-se a serviço da referida
transformação das relações de produção.